23/03/2021
A Traqueobronquite Infecciosa é uma doença altamente contagiosa que acomete o trato respiratório de cães. Popularmente conhecida como tosse dos canis, a doença manifesta-se de forma aguda e acomete animais de qualquer faixa etária.
Esta síndrome pode ser causada por agentes virais e bacterianos, que normalmente estão envolvidos na infecção em conjunto ou isoladamente, mais especificamente como: Adenovírus canino tipo-1, Adenovírus canino tipo-2, Mycoplasma sp, Parainfluenza e Bordetella bronchiseptica, sendo os dois últimos os agentes mais comumente relacionados à tosse canina.
Os sinais clínicos mais comuns são caracterizados por tosse seca repentina e insistente, levando muitas vezes o cão a fazer movimentos para forçar o vômito. Confundida pelo tutor com engasgos, a tosse normalmente é exacerbada pelo exercício, excitação ou pressão da coleira no pescoço, e pode ocorrer ainda expectoração de muco, mas o cão segue alerta, se alimentando normalmente e sem febre.
Em geral, as infecções são autolimitantes, principalmente em infecções virais de traqueia e brônquios, persiste entre 7 a 14 dias. Sem a instituição do tratamento correto, pode desenvolver-se para quadros mais severos, o que normalmente acontece em cães imunossuprimidos, filhotes, afecções crônicas preexistentes e colapso traqueal, tendo potencial para evoluir à uma pneumonia bacteriana secundária ou quadros respiratórios agudos muito graves.
Diante disso, é importante salientar a necessidade de diferenciar o quadro clínico da cinomose canina, pois o paciente pode apresentar febre, secreção nasal e ocular, dificuldade respiratória, prostração, entre outros. O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, exame físico e em uma boa anamnese. É importante ainda para o médico veterinário saber sobre os locais que o animal frequentou nos últimos dias, o habitat em que vive, situações de estresse, vacinas, se algum outro cão tem os mesmos sinais clínicos, entre outros fatores, mas esse diagnóstico não é definitivo. Já o exame físico é importante para avaliar a gravidade da doença, direcionar o diagnóstico e definir exames complementares, como por exemplo para cães com sintomas sistêmicos, progressivos e que não se resolvem, quando é indicado a realização de radiografia torácica, hemograma completo, lavado traqueal para análise de fluido, dentre outros.
O tratamento para as manifestações leves é praticamente dispensado, a não ser pelo repouso por, no mínimo, 7 dias, para minimizar a irritação continua das vias aéreas causada pela tosse excessiva; já em casos mais persistentes opta-se por uma terapia de suporte, com corticosteroides, broncodilatadores, antitussígenos, nebulizações, antibioticoterapia e mucolíticos, optando pela melhor opção frente aos sintomas apresentados pelo cão e aos exames complementares.
A traqueobronquite infecciosa canina pode ser prevenida através de protocolos vacinais adequados, nutrição de boa qualidade, cuidados com a limpeza e desinfecção de canis, isolamento de cães doentes ou suspeitos, ambiente ventilado, entre outros cuidados, principalmente em locais com bastante cães. Nesse enfoque prevencionista existem dois tipos de vacinas, as intranasais e as injetáveis. Apesar de poderem ainda contrair a doença, os animais vacinados apresentam sintomas leves e de curta duração.
Por mais que seja uma doença autolimitante, o tratamento se torna importante uma vez que o animal pode vir a ter complicações no quadro clínico, devido a infecções secundárias ou sinergismo entre os agentes infecciosos e/ou virais.
Carla de Oliveira
CRMV 15631