Ninho Hospital Veterinário

Insuficiência Renal Crônica

06/07/2021

Insuficiência Renal Crônica

A Insuficiência Renal (IR) é uma doença grave que acomete, com frequência, cães e gatos de todas as idades. A IR é a perda da função da unidade estrutural dos rins, os néfrons.

Pode ser primária, quando os néfrons vão se degenerando com o passar do tempo, ou secundária a algum agente agressor. Doenças congênitas podem ocorrer raramente. Assim, o animal já nasce com perda parcial ou total da função renal. Além disso, pode ser aguda ou crônica.

O gradual aumento da disfunção renal compromete também a capacidade funcional de outros órgãos. O diagnóstico é feito através de exames de sangue como função renal e hemograma,  associados com ultrassonografia abdominal e urinálise. Muitos animais conseguem manter a doença controlada por anos, mesmo apresentando algumas crises ao longo do tempo. Mas, infelizmente, muitos não conseguem reverter o quadro e são levados a óbito.

Os rins são responsáveis pela filtração e eliminação de materiais inaproveitáveis que são ingeridos através da alimentação ou produzidos pelo metabolismo normal do organismo, bem como pelo controle do volume e da composição dos líquidos corpóreos. Desempenham suas funções ao filtrar o plasma e remover substâncias do filtrado em quantidades que dependem da necessidade do organismo. Retiram as substâncias do filtrado e excretam através da urina, enquanto devolvem ao sangue substâncias necessárias.

Dentre as substâncias excretadas estão a uréia , a creatinina e o acido úrico. Ainda, eliminam toxinas ingeridas pelo corpo, como fármacos e aditivos alimentares, e também realizam a secreção de hormônios que regulam a pressão arterial sistêmica e a produção de eritrócitos.

Todas essas funções são desempenhadas pela unidade funcional do rim: o néfron. À medida que a quantidade de néfrons diminui, a função renal fica comprometida e a insuficiência renal aumenta. Em virtude de todas essas funções renais, afecções relacionadas aos rins levam a diversas alterações no organismo animal, ocasionando múltiplos sinais clínicos.

A Doença Renal Crônica (DRC) constitui em perda do néfron, caracterizando, assim, lesões renais irreversíveis. Com isso, os pacientes com DRC não conseguem melhora significativa. Inicialmente, o organismo cria respostas adaptativas e compensatórias na tentativa de manter a função renal. Porém, o esforço repetitivo é cessado pela falta de sucesso destas respostas.  

É típico que a função renal de pacientes com DRC se mantenha estável por semanas a meses. Apesar disso, existem pacientes que perdem a função renal gradativamente por meses ou até anos. Mesmo com prognóstico desfavorável em pacientes que apresentam essa patologia, é possível encontrar pacientes que sobrevivem por anos com boa qualidade de vida. Devido à perda da função excretora, os rins começam a reter a uréia, creatinina, fósforo e outras substâncias que deveriam ser excretadas.  O prognóstico muitas vezes é desfavorável devido ao tratamento não ser capaz de corrigir as lesões irreversíveis que levam a alteração da função normal dos rins acometidos com DRC, mas é possível controlar as alterações clínicas e químicas com o tratamento sintomático. A DRC foi, por muito tempo, considerada uma patologia de cães mais idosos. Atualmente, tem se mostrado bastante variável, acometendo também cães e gatos jovens.

Os sinais clínicos iniciais da doença renal crônica incluem polidipsia (aumento na ingesta de água), poliúria (aumento do volume urinário) e vômitos. Com o passar do tempo e à medida em que a patologia progride, o animal acometido começa a apresentar anorexia, perda de peso, desidratação, úlcera oral e diarreia, havendo a persistência dos vômitos. Animais com DRC apresentam aumento da uréia, creatinina sérica e fósforo, anemia não regenerativa moderada a grave, acidose metabólica e hipertensão, na medida em que a função renal diminui.  No exame de urina, a densidade fica diminuída entre (1,008 a 1,012), sendo que a normal é de 1,015 a 1,045.

Como descrito anteriormente, a DRC é uma patologia com características irreversíveis. Sendo assim, o tratamento visa controlar a qualidade de vida do animal e retardar a progressão da doença, se possível. Para que isso ocorra, é indicado controlar os sinais clínicos da uremia, manter os equilíbrios hídrico, eletrolítico e ácido-básico, proporcionar nutrição adequada ao animal e minimizar a progressão da insuficiência renal por meio do tratamento dos distúrbios intercorrentes como infecções no trato urinário e hipertensão. A restrição da proteína na alimentação favorece o controle dos sinais clínicos causados pela uremia. Também se recomenda restrição da dieta do fósforo, que ameniza os sinais da uremia e poderia evitar a progressão da doença. A restrição de sódio é indicada para controle da hipertensão.

Podem ser encontradas rações comerciais com níveis adequados de proteína, fósforo e sódio para pacientes com alterações renais. O equilíbrio hídrico deve ser controlado pela oferta de água abundante ou submeter o animal a fluidoterapia para evitar a desidratação. A terapia se dirige apenas aos sintomas, sendo que o tratamento nem sempre é eficaz. A hemodiálise tem se mostrado como uma excelente alternativa de tratamento para pacientes com esta patologia, melhorando a sobrevida dos mesmos. Porém, o acesso a este recurso, infelizmente, ainda é pequeno.

A doença renal crônica é uma enfermidade bastante frequente na rotina da clínica de pequenos animais e de difícil tratamento devido às limitações terapêuticas e às características da doença.

 

Monique Comoreto - CRMV:12661


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